24/04/2012

Servidor de vídeos: uma opção econômica e viável para pequenas e médias produtoras.




A substituição das mídias em fita magnética por cartões de memória trouxe vantagens para os fluxos de trabalho em vídeo, da captação, passando pela edição e distribuição de conteúdo. Rápidas e seguras, as mídias em estado sólido dominam o atual mercado de produção profissional. Como nada é perfeito, essa mudança trouxe também alguns problemas e desafios para os produtores de conteúdo.

Em relação a qualidade, o mais complicado foi a taxa de compressão presente em todos os formatos e sistemas, que degrada a qualidade do material captado. Mas esse problema tem sido aos poucos resolvido com o desenvolvimento de algoritmos e codecs cada vez mais aperfeiçoados, que aliam economia de espaço e alta qualidade.


Mas um problema ainda permanece desafiador: o arquivamento a longo prazo de conteúdo, sejam os produtos finais ou o material bruto captado a cada nova produção. Acontece que a boa e velha fita magnética, desenvolvida por mais de meio século de pesquisas, ainda é a forma mais barata e versátil até hoje encontrada para guardar com relativa segurança os milhões de horas de captação produzidos mundo a fora.

O custo, por hora arquivada de vídeo e áudio, proporcionado pelas fitas magnéticas ainda permanece imbatível. Mas no atual estágio das tecnologias de vídeo não existe mais espaço para esse tipo de mídia, que inclusive deve deixar de ser fabricada a curto prazo. O armazenamento em mídias de estão sólido, com fins de arquivamento ainda tem um custo/hora inviável.

Além disso, a rapidez cada vez maior exigida pelas novas tecnologias de distribuição de conteúdo, torna um tanto inviável o arquivamento físico de conteúdo, como acontecia com as fitas. Nesse aspecto o cartão de estado sólido, além do custo, tem o mesmo problema de logística, pois cada vez que for necessário usar seu conteúdo, ele terá que ser resgatado de um arquivo físico e capturado para uma estação de edição.

Nesse sentido, o arquivamento online em discos rígidos instalados em servidores de arquivos, servidores de vídeo ou em sistemas NAS (Network-attached storage) parece ser a resposta, em termos de custo, mais viável (embora ainda esteja longe da eficiência das fitas) e ainda atendendo a necessidade de velocidade e praticidade na recuperação e utilização do conteúdo arquivado.

Com o barateamento da tecnologia de armazenamento em conjuntos de drivers (RAID) executados com tecnologia SATA, que hoje substituem e se  igualam, em termos de desempenho, aos arrays de discos com sistema SCSI, os servidores NAS de baixo custo se popularizaram, mesmo entre usuários domésticos. Fabricantes como a Iomega (inventora do ZIP Drive), LaCie, HP e os próprios fabricantes de discos rígidos, lançam diariamente no mercado modelos cada vez mais baratos e com diversas funcionalidades. Contando com diversas formas de conexão, seja via rede, por cabo e-Sata, USB 3.0 e mais recentemente pela nova porta Thunderbolt, eles oferecem praticidade e acesso imediato aos conteúdos armazenados.

Os servidores dedicados de vídeo, equipamentos mais complexos e de custo bem mais elevado, também tem sido cada vez mais utilizados por canais de televisão e produtoras de grande porte, principalmente pelas que se dedicam a produção cinematográfica, onde é necessária uma grande capacidade de armazenamento aliada a alta capacidade de transmissão desses arquivos. São sistemas bem mais caros e quase sempre contando com tecnologias proprietárias e um grande investimento em infraestrutura de transmissão de dados.

Para pequenas e médias produtoras os sistemas NAS de baixo custo ainda representam a opção mais utilizada. Mas eles tem geralmente capacidades limitadas e que são facilmente atingidas com os fluxos atuais de vídeos em alta definição. O custo atual desses sistemas, situados na faixa de R$ 2.000,00 a R$ 5.000,00, ainda tornam o custo de armazenagem alto.



Uma solução intermediária pode ser a instalação em rede de estações de trabalho dedicadas ao armazenamento em massa de conteúdos de áudio e vídeo. Qualquer computador, desde que corretamente configurado, pode se transformar em um servidor de vídeo com manutenção barata, boa capacidade de expansão e manutenção simplificada.

Mas são necessários alguns investimentos como, por exemplo, em redes mais rápidas (switchers GigaLan) e placas controladoras de discos rígidos dedicadas. Sendo ainda necessária a utilização de fontes de energia confiáveis e a prova de falhas, para evitar a perda de dados.  Tomados os devidos cuidados, aquela ilha de edição mais antiga, que foi substituída por um equipamento mais recente, pode ganhar vida nova e ser de grande utilidade.

Com os periféricos corretos, podem armazenar dezenas de Terabytes de arquivos. Capacidade que pode ser ampliada com a adição de mais portas controladoras ou mesmo placas de expansão das controladoras já instaladas. Um servidor de vídeo com essas características, com uma capacidade inicial de, digamos 12 TB, pode armazenar cerca de 1000 horas de vído em alta definição no formato AVCHD. 

Considerando-se o investimento para montar e configurar um servidor de vídeo com essa capacidade, o custo/hora de vídeo arquivado teria um valor médio de R$ 7,00. Se tomarmos por base que uma fita de boa qualidade, no formato miniDV, pode guardar até 60 minutos de vídeo em alta definição e custa aproximadamente R$ 10,00 com custo por hora, de material arquivado, em torno de R$ 6,00, a eficiência da ilha de armazenagem é muito parecida e viável. Se forem somados os custos das horas gastas para transferir o material das fitas para uma ilha de edição, quando necessário, o custo/hora ainda será melhor para o servidor de vídeos.

Outra vantagem do servidor de vídeos é facilitar e dar mais segurança ao fluxo de trabalho com cartões de estado sólido. O material capturado no cartão é passado rapidamente para o servidor, estando a partir desse momento protegido e arquivado para uso imediato ou futuro. O material pode ser decupado no próprio servidor de vídeo, descartando todos os  takes desnecessários ou com falta de qualidade técnica.

O material arquivado pode ser transferido por cópia para uma ou mais ilhas de edição, proporcionando a edição por mais de um profissional.  Eventualmente o material poder ser editado, a partir de uma estação de trabalho em rede, diretamente no servidor de vídeos, sem a transferência física da cópia. Nesse caso, uma etapa, como por exemplo correção primária de cor, pode ser salva diretamente no material existente no servidor de vídeos, tornando-o imediatamente disponível para o editor de imagens, técnico de som ou designer de efeitos gráficos trabalharem no arquivo já corrigido.

Os benefícios alcançam também a própria ilha de edição, que pode (e deve) trabalhar apenas com o projeto que está sendo desenvolvido no momento, evitando seu uso como arquivo temporário ou definitivo de materiais brutos, como muitos ainda fazem, consequentemente degradando o desempenho dessa estação e evitando o risco de uma falha catastrófica que poderá apagar não apeas o projeto em andamento, mas todos os outros projetos arquivados nela.

As novas tecnologias trazem novas oportunidades, mas é preciso se adaptar a elas e buscar soluções para os novos problemas, que com certeza, também são criados por elas.

Grande abraço a todos!

Marcelo Ruiz

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